terça-feira, 17 de julho de 2012

Remodelação?

E um dia o Discípulo desviou parte da sua atenção, desde sempre dedicada ao pesado mas inebriante trabalho da especulação filosófica, para uma donzela de sugestivas formas que por ele passou. De imediato sentiu “interesses” que a especulação (filosófica) lhe não proporcionara. E com o acentuar do “interesse”, do qual inevitavelmente resultou uma redução apreciável da capacidade especulativa, dúvidas surgiram em quantidade de difícil (di)gestão. Assustado, acercou-se do Mestre a quem perguntou, após explicação, não demasiado descritiva, naturalmente, da natureza dos problemas que ora defrontava. E a dúvida era simples: seguir os caminhos que os “interesses” surgidos lhe indicavam, ou continuar a sua devoção à causa da especulação filosófica. (Claro que estava fora de causa misturar as coisas. Tal só é possível quando a especulação é em Produtos Financeiros Complexos). E o Mestre lhe respondeu que, fosse qual fosse a escolha, ele, Discípulo, deveria ter como certo o arrependimento. Vamos agora, Nós, especular um pouco e em sentido diverso. Suponhamos que do Discípulo o Mestre dependia. Para tudo o que implicasse energia e assunção do risco. Por um lado deveria o Discípulo continuar Discípulo, apesar de ser sistematicamente acossado por outros “interesses” que não os da especulação filosófica? (Atenção que falo de “interesse” no sentido romântico e, quiçá, filosófico-fisiológico da palavra. Não confundamos com “interest”.). Ou deveria abandonar a especulação (filosófica), a procura sensata dos caminhos da Vida, e seguir o seu destino definitivamente desligado do papel de pensador auxiliar do Mestre? Neste caso parece-me claro: seja qual for a escolha do Discípulo, será ele, Mestre, que deverá ter como certo o arrependimento. Do momento, ou da sua escolha em tempo anterior. Aconteça o que acontecer, será sempre “maçada” (por acaso, ou não, ocorre-me outra qualificação). Claro que não vislumbro hipótese de esta história poder ter relação com o tempo presente.

5 comentários:

Anónimo disse...

Dando a minha opinião, que é sempre muito filosófica e nada politica, poderei correr o risco de comentar fora de contexto.
Mas arrisco.... gosto do risco!!!!

Qualquer escolha implica uma perda. A questão é escolher "o que se quer ter" e não "o que não se quer perder"!!!
Porque ao levantar esta dúvida, significa que "o que não se quer perder".... já está perdido!!!

Anónimo disse...

Pois, tem razão.
O problema e' quando o Mestre confia num aprendiz de feiticeiro, que opta por querer tudo. 'A vista do Mestre e com a sua complacência (e algum proveito). Quando começa a correr mal com o Discípulo como se resolve a questão? Quem ficou refém de quem? O que em proveito próprio abdicou de ver e estabelecer os limites, ou o que, por os ter ultrapassado, e' Senhor do que nao devia?
Dentro de poucos meses resolve-se. Nao há nada que tempo (e algumas chatices) nao resolvam.

Anónimo disse...

Havendo dois caminhos, a escolha por um deles acontecerá inevitavelmente. Seguir os dois em paralelo é de todo inviável.
A vida é feita de escolhas, erros e acertos. Quem por isto não passou, não viveu!!!

Anónimo disse...

Engraçado o diálogo. O título do post era "Remodelação ?"

Anónimo disse...

A escrita é uma arte! Uma arte com muita técnica e um sem fim de estilos!
Quando o artista (o autor) inova e ousa de forma inteligente o simbolismo, desafia a interpretação do leitor! Isso é bom, muito bom... e tal como na pintura dá azo a difernetes visões, dependendo de quem lê.
Por isso a pergunta: "O título do post era Remodelação ?".
Era!!! E continua sendo!!!!